domingo, 30 de setembro de 2012

SITUACIONISMO


Durante os primeiro anos da década de setenta, do século passado, época do milagre econômico brasileiro, ouvi falar muito do ministro da Fazenda Delfim Neto, profissional competentíssimo, assim era considerado por toda esfera governamental. Era chamado de “o czar da economia”,  o Brasil exibia crescimentos com taxas acima de 10%a.a. “Ninguém segura este país”, era o slogan do governo Garrastazu Médici. Em 1974 assume o presidente Ernesto Geisel e nomeia para ministro da Fazenda, Mario Henrique Simonsen, que nos primeiros dias de sua gestão surpreende o país denunciando que a baixa inflação do governo Médici era uma farsa. Delfim Neto havia decretado uma tabela de preço que na pratica não funcionava e determinava a Fundação Getulio Vargas (FGV) que esses valores fossem utilizados como pesquisa de preço. Daí pra frente a economia passou a apresentar sinais de insustentabilidade. O grande czar não percebeu que as reformas de Costa e Silva  tinham espíritos socialistas, baseadas nas reformas elaboradas por Getulio Vargas. Talvez por não gostar de contrariar as autoridades preferiu ser agradável com fez quando assinou o AI-5. Delfim que vinha sendo ministro da Fazenda desde o governo de Costa e Silva, o presidente Geisel resolveu tirar do circuito despachando para ser embaixador da França. Delfim voltou a ser ministro da Fazenda e da Agricultura no governo de João Batista Figueiredo.
 

O eficiente ministro Delfim Neto não conseguiu dar sustentabilidade na economia no momento que lhe foi oportuno. Criticou o Plano Real quando se montava a sua engenharia, errando mais uma vez. Se introssou com o presidente Lula e nos bastidores lhe foi conselheiro, tanto que se cogitou que seria um ministro de Lula no segundo mandato, mas o petista não quis carimbar seu governo com gestor de primeiro escalão do regime militar, mas a amizade prosseguiu e sua agradabilidade, foi expressa num artigo na Folha que ataca imprensa e defende o ex-presidente Lula. Veja o trecho final:

“Um exemplo daquele abuso é a procura maliciosa de alguns deles de, no calor da disputa eleitoral, tentar destruir, com aleivosias genéricas, a imagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ignorando o grande avanço social e econômico por ele produzido com a inserção social, o fortalecimento das instituições, a redução das desigualdades e a superação dos constrangimentos externos que sempre prejudicaram o nosso desenvolvimento”.
 
 

Quem está tentando destruir a imagem do ex-presidente? Por acaso toda essa movimentação do mensalão foi inventada pela imprensa ou pelo STF? Ou será que, para este senhor, somente o Arruda deve ser julgado? Quem produziu avanços, foi Lula ou as medidas estruturais do governo anterior com a consequente estabilidade monetária.

Delfim se enganou com seu Plano Econômico produzido no “milagre brasileiro”, produzindo consequencias desastrosas, com ampliação da pobreza e miséria no país.   Com o Plano Real, é incapaz de reconhecer seu sucesso. As pessoas que assimilaram a versão citada no artigo, são incapazes de pronunciar ações produzidas por Lula que tenham melhorado o ambiente de negócios no país e estimulado investimentos. Parece que o ex-ministro não percebeu que não estamos mais naquela ditadura que ele tanto ajudou a manter, período permitido às autoridades máximas fazer e falar o que quisessem.

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