Durante os primeiro anos da década
de setenta, do século passado, época do milagre econômico brasileiro, ouvi
falar muito do ministro da Fazenda Delfim Neto, profissional competentíssimo,
assim era considerado por toda esfera governamental. Era chamado de “o czar da
economia”, o Brasil exibia crescimentos
com taxas acima de 10%a.a. “Ninguém segura este país”, era o slogan do governo
Garrastazu Médici. Em 1974 assume o presidente Ernesto Geisel e nomeia para
ministro da Fazenda, Mario Henrique Simonsen, que nos primeiros dias de sua
gestão surpreende o país denunciando que a baixa inflação do governo Médici era
uma farsa. Delfim Neto havia decretado uma tabela de preço que na pratica não
funcionava e determinava a Fundação Getulio Vargas (FGV) que esses valores fossem
utilizados como pesquisa de preço. Daí pra frente a economia passou a
apresentar sinais de insustentabilidade. O grande czar não percebeu que as
reformas de Costa e Silva tinham espíritos
socialistas, baseadas nas reformas elaboradas por Getulio Vargas. Talvez por
não gostar de contrariar as autoridades preferiu ser agradável com fez quando
assinou o AI-5. Delfim que vinha sendo ministro da Fazenda desde o governo de
Costa e Silva, o presidente Geisel resolveu tirar do circuito despachando para
ser embaixador da França. Delfim voltou a ser ministro da Fazenda e da
Agricultura no governo de João Batista Figueiredo.
O eficiente ministro Delfim Neto
não conseguiu dar sustentabilidade na economia no momento que lhe foi oportuno.
Criticou o Plano Real quando se montava a sua engenharia, errando mais uma vez.
Se introssou com o presidente Lula e nos bastidores lhe foi conselheiro, tanto
que se cogitou que seria um ministro de Lula no segundo mandato, mas o petista
não quis carimbar seu governo com gestor de primeiro escalão do regime militar,
mas a amizade prosseguiu e sua agradabilidade, foi expressa num artigo na Folha
que ataca imprensa e defende o ex-presidente Lula. Veja o trecho final:
“Um exemplo daquele abuso é a procura maliciosa de alguns
deles de, no calor da disputa eleitoral, tentar destruir, com aleivosias
genéricas, a imagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ignorando o
grande avanço social e econômico por ele produzido com a inserção social, o
fortalecimento das instituições, a redução das desigualdades e a superação dos
constrangimentos externos que sempre prejudicaram o nosso desenvolvimento”.
Quem está tentando destruir a imagem do ex-presidente?
Por acaso toda essa movimentação do mensalão foi inventada pela imprensa ou
pelo STF? Ou será que, para este senhor, somente o Arruda deve ser julgado? Quem
produziu avanços, foi Lula ou as medidas estruturais do governo anterior com a
consequente estabilidade monetária.
Delfim se enganou com seu Plano Econômico produzido no “milagre
brasileiro”, produzindo consequencias desastrosas, com ampliação da pobreza e miséria no país. Com o Plano Real, é incapaz de reconhecer seu sucesso. As pessoas
que assimilaram a versão citada no artigo, são incapazes de pronunciar ações
produzidas por Lula que tenham melhorado o ambiente de negócios no país e
estimulado investimentos. Parece que o ex-ministro não percebeu que não estamos
mais naquela ditadura que ele tanto ajudou a manter, período permitido às
autoridades máximas fazer e falar o que quisessem.