quarta-feira, 20 de julho de 2011

JUROS ALTOS, POR QUÊ?



Hoje o Banco Central brasileiro elevou a taxa básica de juros em 0,25%. O que isto significa?

1 – que aumenta o crescimento da dívida do país ao ano, algo próximo de 5 bilhões de reais, só por causa desses ,025%
2 – que os devedores de cartão de crédito, cheque especial terão um pequeno acréscimo em suas dividas.
3 – que o país ficará um pouquinho menos competitivo.
4 – Estimula um pouco mais a entrada de dólares, tornando o Real mais fortalecido.

A política de juros altos teve origem no lançamento do Plano Real. Acontece que, tecnicamente, não havia outra forma de estabilização da moeda que não fosse por um referencial e, este, foi o dólar, “a paridade”. E como manter este cambio fixo sem reservas? como rolar dívidas com histórico de rompimento de contratos no passado? Os juros altos foi uma tentação para entrada de moeda estrangeira através de investimentos especulativos, na época, altamente vital. O Real para sobreviver o governo teria que abandonar as práticas dos anteriores na emissão de moeda para cobrir os déficits orçamentários. O país teria que viver da arrecadação e cobrir os déficits com empréstimos bancários, vendas de títulos e negociar dívidas. Dessa forma o Brasil começou a tomar forma de economia confiável e possibilidades de altos investimentos.E os investimentos externos aconteceram, conforme demonstrativo abaixo:


Ano/investimento Externo em bilhões de dólares:


1994                             2,1                                         
19954,4
199610,8
199828,8
199928,5
200032,7
200122,4
200216,5
20038,0


Fonte do Banco Central

Analisando este quadro verificamos que a moratória do governador Itamar em 1999 estancou o crescimento de investimentos externos. O apagão de 2001 e a quebra da Argentina contribuíram para a queda acentuada de investimentos externos, agravando com as eleições de 2002, sob ameaças petistas de romper com o FMI e rever privatizações.

O importante é que esses investimentos ajudaram muito a equilibrar as contas externas e diminuir a dependencia de capital especulativo, tanto que no final do governo FHC deu-se inicio a taxação de investimentos especulativos, que o Lula cancelou em 2006 para antecipar a última parcela do FMI, e ajudou na fortalecer o Real que hoje tira o sono da área econômica do governo.

Em decorrência dessa forte entrada de dólares, o cambio fixo que muito prejudicou a economia, começou a perder importância em 1998 e o governo antes das eleições começou articular está mudança com uma desvalorização programada, que deveria ter acontecido no primeiro semestre daquele ano. Mas o temor da feroz oposição petista fazer o eleitorado acreditar que o Real estava se deteriorando o governo preferiu adiar e o Banco Central passou a ter 2 diretores a partir de agosto de 1998, Gustavo Franco, legalmente, que se recusava executar a mudança e Francisco Lopes para trabalhar na desvalorização do Real previsto para início do ano seguinte. Deveria ter sido em novembro/98. O mercado vivia uma expectativa e a demora era inexplicável.

Janeiro de 1999 a declaração de moratória de Minas Gerais foi a gota d’agua, era tudo que faltava para o mercado promover a desvalorização do Real, e o governo perdeu a oportunidade de exercer essa mudança de forma mais tranqüila. Os opositores vibraram, cantaram no carnaval de 99; “o real acabou”.

A desvalorização produziu um beneficio imediato na economia, as exportações começaram a crescer e a confiança do mercado nos fundamentos econômicos implementados pelo governo garantiu a estabilidade da moeda.

Os juros voltaram a declinar chegou próximo a 13% em 2002, essa era política de juros que começou em torno de 40% em 1995 e alcançar um digito com o fortalecimento da economia.

Ano 2002, as eleições presidências e, grandes chances do Lula ser vitorioso provocaram fugas de dólares em alta velocidade e, novamente necessidade de subir juros. FHC entregou o governo para Lula com juros de 19% que ainda teve de subir em 2003 para 26%.

A nomeação na área econômica de pessoas que agradaram o mercado e a sinalização de que não haveria modificação na política econômica trouxe a volta da normalidade e os juros voltaram a cair seguindo a trajetória prevista pelo governo anterior.



Por que os juros voltaram a crescer? Continuaremos numa postagem em breve.

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