sábado, 2 de junho de 2012

VOOS RASANTES


Alguém disse:  “Na política uma verdade só aparece quando interessa a maioria”, baseado nessa teoria o ex-presidente Lula protagonizou a CPI do mensalão, afinal a comissão teria maioria governista, obedientes ao  esquema do Poder. Mas no decorrer da execução a estrutura foge da arquitetura.  E agora?  Uma CPMI  projetada para não investigar nada, terá que procurar um caminho para fugir do fiasco de ser um teatro mal ensaiado. Pediram a quebra do sigilo da empresa Delta em todo país. Vamos ver o que vai acontecer.
Mas desse imbróglio devemos tirar conclusões. O país não está bem e há sinais fortes de decadências  ética, moral e econômica.
Um ex-presidente sugere à população que um ministro do supremo está com demência quando é notório a  sua solidez mental.
O apelo é para a inocência da população, que em sua grande maioria vive confiante em um Salvador. O corporativismo  atropela a lógica e somos obrigado a presenciar manifestações grosseiras da companheirada como é o caso do deputado do PT pela Bahia Amauri Teixeira: “O Gilmar Mendes não tem bala na agulha para atirar no Lula. É ao contrário, ele é que vai sair baleado dessa história toda”. Nas redes sociais alguém do esquema lança uma narrativa: “Na disputa entre Gilmar e Lula, o primeiro solta bandidos o segundo mudou o Brasil, portanto fico com o segundo”. Beira a exiguidade, o estilo pequenez de quem resiste à força da correnteza moral.
Amauri acredita na fortaleza de Lula porque existe uma legião de iguais dando-lhe apoio irrestrito, e uma maioria da população que gosta do ex-presidente porque acreditam no que está escrito na narrativa. Eles sabem que isso não é verdade, basta perguntar: O que fez o Lula para a economia avançar, diga-me uma medida estrutural? Ficam calados, mudos e citam o bolsa família, engraçados! Este pensamento foi disseminado graças à má utilização do dinheiro público em publicidade. Eu já falei neste blog das ações que fizeram o Brasil  emergir do fundo do poço, com certeza não foi no governo petista, se as boas consequências atravessarem seu governo elas estão se esvaindo  pelas omissões da última década  que está levando o país a retroceder, está explicito nos resultados do PIB que desde o primeiro semestre de  2011 vem caindo seguidamente. Desastroso o resultado do primeiro trimestre deste ano 0,2%. Colocar a culpa na crise dos países ricos é desculpa de criança traquina, pois vejamos os resultados do grupo de países cujo o Brasil faz parte: África do Sul 2,1%;  Rússia 4,9%; Índia 5,3%; China 8,1%. Ridícula e humilhante a posição do Brasil, mesmo que ficássemos na rasteira, pelo menos com um   1,9%.  Mas não vai faltar um comentarista governista para dizer que o Brasil não está mal na foto, porque a Grécia, a Espanha, etc. São outras realidades.
O povo pode aplaudir o teatro da Dilma Russeff na estratégia dessas medidas paliativas para tonificar a economia, mas o mercado não. Portanto a desconfiança tem levado ao cancelamento de muitos projetos de investimento no Brasil, o que era pouco pode se tornar pior. O mercado já percebeu que Dilma está distante de uma Margaret Thatcher ou de Angela Merkel, e muito próxima de Cristina Fernández Kirchener. Não me refiro à geografia.

Novamente invoco a educação cuja fragilidade torna uma ameaça à democracia, sem eficácia,  a população passa a enxergar pela ótica dos espertos, não me refiro a educação acadêmica de conteúdos específicos. Um advogado recém formado adora o Lula porque ele sancionou o Prouni. Que instrumentos a nossa educação forneceu para que ele exercesse a democracia com eficiência. Nenhuma. Ele pode conhecer todas as leis, mas se destrói na hora de votar.
Já falei também que  a nossa história é muito mal contada e nela pode estar as razões dos nossos voos rasantes. Dizer que a crise econômica vivida pelo Brasil na década de oitenta e boa parte dos anos noventa teve a sua origem no modelo econômico equivocado de Getúlio Vargas, parece sandice quando ainda existem intelectuais que falam que Vargas modernizou o Brasil, tem que ser levado a sério, é essencial para não sermos condenados a um eterno emergente.

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