sexta-feira, 30 de setembro de 2011

INVERSÕES DE VALORES



O professor Emmanuel de Jesus Saraiva, durante 6 anos esteve, em missão, em Moçambique, na África, ex colônia de Portugal e o resultado foi um livro: História e Cultura Africanas oportunidade que descreve sobre a história e a vida de Moçambique.

Em 1975, os moçambicanos expulsaram os portugueses para se tornar um país independente comunista, com a promessa da Rússia de que, dessa forma, alcançariam a justiça social com a implantação de um novo sistema orientado por uma economia planificada. Depois de alguns anos de destruição de uma economia incipiente que estava sendo montada pelo portugueses os moçambicanos se viram mergulhados na fome e no abandono dos russos de uma forma tão cruel que sentiram falta dos colonizadores, resultando numa guerra civil que demorou 17 anos. Todos esses anos de atrocidades, que terminou com assinatura de paz porque os dois lados estavam falidos, sem condições nem de alimentar seus exércitos. E a responsabilidade da Rússia, onde ficou? No silêncio, na omissão e na inconsequência. O resultado pode ser visto em países como, Coréia do Norte, Cuba etc. O mais grave não foi a desconstrução econômica desses países, mas a cultura ideológica deixada que dificultará a reconstrução.

São inúmeras histórias de truculências fortuitas que nos leva a indignação. Teve sorte a Alemanha Oriental que enquanto tocava sua experiência comunista, a Alemanha Ocidental trabalhava, enriquecendo ao ponto de assumir a irmã falida. Os chineses se depararam com fome extrema, e como solução abraçaram um capitalismo selvagem, autoritário e escravizante, que tanto demonizaram. Só promulgaram uma legislação trabalhista a partir de 2009 por pressão da OMC.

O Brasil teve sorte ou azar de não ter submergido neste mundo? Como estaríamos se os militares tivessem deixado João Goulart conduzir o país à sua ideologia?


Em Moçambique morreram 3 milhões de pessoas nas formas mais cruéis possíveis. Estrangulados, mulheres de seios cortados para morreram a míngua, pessoas jogadas em poços profundos para morrerem lentamente etc.

Moçambique possui um PIB de 17 bilhões de dólares e uma população em torno de 20 milhões de habitantes, portanto um per capita de menos de mil dólares. A nossa economia como estaria hoje?

Conta o professor Saraiva que quando chegou na escola em Moçambique encontrou para alimentar 32 alunos um pequeno peixe e um punhado de farinha de milho. Cozinharam o peixe com bastante água e tempero, jogavam o caldo quente em cima da farinha e assim se alimentavam.

Então, o novo diretor da escola teve uma idéia lógica, incentivar os alunos a plantar e pescar. Como a escola tinha um bom terreno poderia ser utilizado para plantio. Mas a reação contrária foi imediata. Disseram: “passamos 500 anos sendo escravizados pelos portugueses, agora não seremos escravizados por um brasileiro”. Dessa forma o diretor Saraiva levou um bom tempo para convencê-los. A mentalidade herdada, talvez tenha sido o pior do pós comunismo que dificulta a reconstrução do país que tenta o retorno democrático. A idéia de que alguém deve produzir para dividir. Que a propriedade não deve ser respeitada, o capitalista não pode acumular, as posses são de todos, portanto, deve ser dividido, dificulta a iniciativa privada e a reconstrução.

O Brasil escapou dessa aventura trágica. No entanto existem intelectuais que ainda não se convenceram da tragédia e, politicamente, fazem apologia ao sistema. Apostam na falta de esclarecimento da população. Como o mundo dá voltas, é importante permanecer sempre consciente dessa perversa experiência vivida por outros países.

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