A revolta dos gregos contra as medidas de contenção de gastos para receber o empréstimo da salvação, imbuído num raciocínio frio e matemático, nos conduz a idéia da omissão de uma sociedade esclarecida, democrática que permitiu ao governo chegar a esta situação. Agora são surpreendidos, pois até 2 anos atrás a economia grega com uma dívida de pouco mais de 80% do PIB, na época, aparentava plena normalidade e de repente o desemprego atinge 16%. Preferir dar o calote como a maioria dos gregos querem, por culparem aos administradores públicos, não é o correto. Afinal a beleza da democracia é, também, a possibilidade da observância das ações governamentais, e de opinar. É uma oportunidade de nossa sociedade procurar informações e vigília.
Neste blog tenho falado da nossa dívida que cresce e até comparei com uma provável aproximação, no futuro, da situação americana. Não quis dizer que os EUA estão próximos de quebrar ou dar calote, mas que altas dívidas entram como um dos componentes para diminuir a competitividade, conseqüentemente na recuperação dos empregos perdidos. Por outro lado nos Estados Unidos as instituições são bem mais sérias. O Congresso funciona melhor, não é a gangorra brasileira que, quando um partido está no poder copula a maioria dos políticos. O Congresso Americano deu um exemplo recentemente não deixando o governo ampliar os limites da dívida, obrigando Obama a cortar gastos, como retirar militares de áreas de conflitos etc. Com certeza os americanos têm muitas chances de voltarem ao crescimento econômico de forma mais vigorosa.
Vivemos, então, uma bolha na economia? Não é fácil uma previsão, mas não acredito em bolha porque a nossa economia esteada em commodities que crescem de valor deverá ter muitos anos de crescimento mediano. Vivemos da sorte.
Desde o ano 2001 quando a China entrou na OMC (Organização Mundial de Comercio) os negócios com o Brasil se avolumaram, em decorrência do forte crescimento econômico daquele país que vem pressionando uma grande valorização nas commodities, e que o Brasil teve a benevolência da natureza de possuir a maior área agricultável do planeta e, de ter minérios, principalmente de ferro, de boa qualidade, isto é, o teor de ferro acima de 60%, portanto enquanto a China estiver com crescimento nessa desenvoltura não haverá risco de naufrágio da economia brasileira.
O problema é que um país da dimensão do Brasil não pode chegar ao estágio de Desenvolvimento Econômico apenas com commodities. Para se ter uma ideia a Grécia chegou a esse patamar com um per capita 2,8 vezes maior que o nosso. Isto significa que teríamos de produzir 2,8 vezes toda riqueza que produzimos atualmente para chegarmos ao status de riqueza grega.
O governo passado pouco fez para essa realidade atual melhorar, não se preocupou com outros seguimentos da economia como a industrialização que é uma das formas de crescimento permanente. Para isso teria que trabalhar em favor da competitividade do país. Aí foi o fracasso do Brasil, não do Lula, porque é o país que vive atualmente o drama da falta de competitividade. Faltaram ações para diminuir o custo Brasil. A Reforma Tributária ficou mais difícil com o gigantismo da maquina administrativa sem trazer soluções para a falta de médicos na saúde, de promotores e juízes para tornar uma justiça mais ágil, ou de melhorar a educação. Tudo isso agrava a competitividade do país. As decisões judiciais são demoradas e as empresas são penalizadas por isso. Falando em reforma tributária mesmo sem executá-la o governo passado poderia ter realizado, pelo menos, uma ordenação tributária. Vejamos o que isso representa. As empresas brasileiras tem um custo extra com consultorias especializadas para não caírem na armadilha tributária que nas suas complexidades tamanha existem, entre os próprios auditores, diferentes interpretações. Hoje se fala na desindustrialização do país que acontece por perda de competitividade.
Desconstruir o governo FHC não trouxe benefícios ao país, mas rendeu muito ao Lula e ao PT, era o que importava, daí a razão de tanta investida, no entanto ficaram sem agenda e governaram quase no improviso, as conseqüências começaram a chegar forçando Dilma à retomar as privatizações, imitar os erros, como eles dizem, de FHC.
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